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31/03/2013 - 16:48:32

MEMÓRIA VIVA

Força feminina

Delegada mais antiga da Polícia Federal recebe homenagem da ADPF

  • Revista Prisma
  • Elijonas Maia

   

No Dia Internacional da Mulher, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) premiou a delegada mais antiga em atividade na Polícia Federal com uma viagem à cidade de Buenos Aires, capital da Argentina. A delegada Maria Christina Dourado e Silva foi, ainda, homenageada durante almoço promovido pela Diretoria Regional do Rio de Janeiro e Sindicato dos Delegados, com uma placa comemorativa, confeccionada pela ADPF, por sua trajetória na Polícia Federal que já tem 43 anos.
A paraense ingressou na corporação em 1969, com 21 anos, em uma época em que o início na carreira era realizado mediante o concurso para Inspetor, havendo poucos delegados oriundos da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que optaram por trabalhar no recém-criado Departamento de Polícia Federal. Apenas doze delegados formaram a primeira turma. Somente em 1977 o cargo passou a ser chamado de delegado. Em entrevista, a delegada Maria Christina, hoje lotada no Rio de Janeiro, revela como era a corporação na década de 70 e destaca algumas dificuldades vivenciadas.
“As técnicas de investigação eram bem diferentes das atuais, mas davam resultado. Hoje temos muito mais recursos à disposição – quebras de sigilo celular, GPS, diversos bancos de dados, o que facilita em muita a investigação. Está cada vez mais difícil esconder-se da Polícia”, conta.             
Sobre o concurso da PF, a delegada conta que antigamente era mais fácil conseguir passar. “O concurso hoje está muito difícil em comparação com o da época em que entrei, e essa dificuldade só tende a aumentar”, diz a delegada. Maria Christina revela também que preconceitos em relação às mulheres existiam naquela época dentro da Polícia Federal, mas afirma que nunca sentiu. “Algumas amigas contavam que a PF não gostava de mulheres na atividade, mas eu mesma nunca senti”.

|ARTE IMITA A VIDA. Na televisão, a atriz Giovanna Antonelli está interpretando a delegada da Polícia Federal Helô, que preside uma investigação sobre tráfico de pessoas. A novela remete lembranças do primeiro inquérito sobre tráfico de mulheres, instaurando e presidido pela delegada Maria Christina.
O trabalho resultou, inclusive, na CPMI sobre tráfico de pessoas, em 1996, quando a delegada foi ouvida. As investigações revelaram que várias mulheres eram levadas de Goiânia para a Espanha, para se prostituirem. Chegando lá, passavam a ser escravas da prostituição, pois os passaportes eram retidos e as mulheres eram encarceradas.  
O diretor regional da ADPF no Rio de Janeiro, Márcio Derenne, admira Maria Christina e destaca algumas características da delegada: “Ela é exemplo para todos. Seja homem ou mulher, todos a admiram”. E complementa: “Ela poderia, com certeza, estar aposentada, mas, não, vem trabalhar todo dia feliz, sorridente, sempre disposta”.
Já o delegado Paulo Roberto Falcão Ribeiro, que trabalha com Maria Christina, revela como a delegada é no dia a dia. “Ela sempre chega cedo ao trabalho, é rigorosa e eficiente”. Segundo Falcão, Christina foi a delegada que mais relatou inquéritos em 2012. Ficou três meses em missão fora, em Cuiabá (MT), e, mesmo assim, superou os demais delegados da região.
Sobre conciliar a vida profissional e particular na época de inspetora, quando era casada com um também inspetor, a delegada revela que contou com o apoio da mãe e de empregada, que a ajudaram muito, já que, segundo ela, “nunca foi boa dona de casa”.
Aos 65 anos, Maria Christina recebeu um comunicado informando sobre sua aposentadoria compulsória, segundo as normas que regem a PF. Para a delegada, “essa lei vai na contramão da atualidade, nos dispensa antes da verdadeira compulsória”. Já que não queria se aposentar, Maria entrou na Justiça e, com a ajuda da ADPF, conseguiu reverter a decisão. “Por isso, principalmente, e por muitas outras benfeitorias, que eu agradeço à ADPF, que esteve sempre presente”, conta.
No Dia Internacional da Mulher, a delegada acredita que há muito a se comemorar. “As mulheres conseguiram se firmar em todas as carreiras, inclusive, em uma carreira que trata de matéria tão árida quanto o Direito Penal e, em especial, a investigação criminal que tem a peculiaridade de exigir a resposta rápida, imediata e eficiente aos ilícitos a ela apresentados”, afirma. Para Maria Christina as mulheres conquistaram seu espaço na Polícia Federal, mas foi a instituição que mais saiu ganhando: “O ingresso da mulher, por ser cuidadosa nos detalhes, sensível e observadora , só veio  a engrandecer e humanizar a carreira de delegado da Polícia Federal”.

|PIONEIRAS: Há 43 anos, na turma da Maria Christina, havia apenas cinco mulheres se formando na Academia de Polícia. De pé, da esquerda para direita, as baianas Lícia Margarida Ferraz Pinheiro, que faleceu no final de 1970, e Márcia Dometila Benevides Lima, que chegou a subprocuradora-geral da República. Agachadas, da esquerda para a direita, as três paraenses, Joselita Viana e Silva, Odete Pacheco de Almeida, atual presidente do Tribunal Regional do Trabalho, em Belém-PA, e Maria Christina.


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