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17/07/2014 - 16:49:29

MEMÓRIA VIVA

Investigações de norte a sul

Conheça a história de Jaber Makul Hanna Saadi, um dos fundadores da ADPF e responsável pela prisão do megatraficante Juan Carlos Abadía

  • ADPF
  • Felipe Chaves

   

Em 1972, aos 34 anos, Jaber Saadi iniciou sua carreira na Polícia Federal após prestar concurso público para agente da PF. Trabalhou um período como agente federal em São Paulo, até que em 1973 teve a oportunidade de fazer o concurso para delegado. Jaber lembra que as provas eram bem difíceis e concorridas, como é até hoje. Na época de seu primeiro concurso, cerca de 300 policiais foram aprovados, sendo quase a metade de gaúchos.

 

Sua primeira lotação como delegado federal foi na cidade de Manaus/AM. Pela primeira vez Jaber saía da capital de São Paulo para trabalhar no norte do país. “Na época, tínhamos como superintendente o delegado Walmores Victorino Barbosa, um nome que todos respeitavam e que me deu total amparo ao chegar à nova cidade”, relembra.

 

Logo quando chegou à capital amazonense, por volta de 1973, o delegado teve que lidar com dois traficantes um tanto “dedo duro”. Gerson e Gaguinho comandavam o tráfico de drogas na região e sempre quando a polícia precisava de uma informação, Jaber e sua equipe iam até um deles com a intenção de que dedurasse o outro. “Lembro que a gente pegava o Gerson e falava que o Gaguinho tinha nos avisado de um estoque de drogas que o Gerson escondia. Ele, enfurecido, acabava dedurando o Gaguinho indicando realmente onde estavam as drogas”, conta.


Após dois anos e meio trabalhando em Manaus, Jaber foi transferido para Santos/SP, onde permaneceu por alguns anos exercendo a função de delegado. De Santos, foi para o Rio Grande do Sul, uma trajetória interessante, como ele mesmo comenta. “Fui do Norte ao Sul, mas antes fiz uma parada em Santos”. Chegando em Foz do Iguaçu, Jaber foi indicado para ser interventor por um período. Do Rio Grande do Sul, o delegado, hoje aposentado de suas funções, partiu para o Espírito Santo, onde trabalhou como superintendente por mais de dois anos, até retornar a São Paulo como chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

 

Da capital, Jaber Saadi voltou para a cidade de Santos, ficando um tempo considerável até ser nomeado superintendente do Paraná, travando por mais de cinco
anos grandes batalhas em combate ao crime financeiro e ao tráfico de drogas. Em um dos anos no Paraná, o delegado chegou a bater o recorde nacional de apreensão de drogas, ultrapassando o Mato Grosso do Sul.

 

Investigações. Jaber Saadi foi responsável pela prisão do traficante Juan Carlos Abadía. Enquanto era superintendente no Paraná, o delegado foi procurado por agentes americanos dizendo que Abadía, o traficante mais procurado internacionalmente por conta do tráfico de drogas e outros crimes, estava no Brasil. “Me comprometi com eles a fazer essa investigação, mas nesse meio tempo fui transferido para São Paulo. Tive que transferir toda a investigação e também minha equipe de policiais do Paraná”, comenta.


Assim, com a equipe do Paraná na capital paulista, as investigações continuaram, mas tiveram que ser acelerada por conta da informação de que o traficante estava prestes a sair do Brasil, com as passagens já compradas. “Prendemos o Abadía, mas lamento não ter prosseguido com as investigações em busca de todos os elementos envolvidos, apesar do fantástico trabalho feito”. Jaber afirma que até hoje é agradecido pela prisão do megatraficante. Juan Carlos Abadía foi condenado a mais de 30 anos de prisão por fugir da polícia americana, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro oriundo do tráfico e falsidade ideológica. Todos os seus bens disponíveis no Brasil foram leiloados.

O delegado também foi responsável por grandes operações como a Dilúvio, Tentáculos, Ícaro, Zapata, Asfalto Limpo, Chacal, Anos Dourados, Hidra e Farol da Colina.

 

ADPF. Jaber é um dos fundadores da ADPF. A Associação foi criada em 29 de outubro de 1976, em Brasília, durante um momento em que o Departamento de Polícia Federal começava a se estruturar como órgão estritamente policial. “Até hoje a ADPF tem trabalhado magnificamente bem. Ela nos representa junto às instituições políticas e aos órgãos federais em Brasília”, ressalta. Como nunca esteve lotado em Brasília, o apoio para a fundação da ADPF não podia ser acompanhado tão de perto, mas, independente de onde estivesse, ele colaborava na ideia e na estrutura de planejamento da Associação. “Fui um dos 50 primeiros associados”, orgulha-se.


Polícia Federal. Para o delegado aposentado, falta hoje na Polícia Federal a união não só das categorias internas da PF, mas também das outras forças legais de segurança. “A criminalidade está tão alta que precisamos de todo aparato da união para combater as organizações criminosas”, justifica. Jaber se orgulha ao falar da Polícia Federal. Para ele, os anos de ingresso dentro na instituição foram os anos de maior avanço da PF. Em sua opinião, a década de 70 foi fundamental para uma reconstrução e reformulação da Polícia Federal que temos de hoje. “Graças a essas mudanças a instituição foi reconhecida pela sociedade como a número um em credibilidade de segurança pública”, comenta com orgulho.


O trabalho continua... Em 2007, próximo de seus 70 anos de vida e 35 de Polícia Federal, Jaber Saadi retornou à Superintendência de São Paulo. Na época, era o delegado mais antigo no quadro da PF. Um ano depois veio a aposentadoria e novos objetivos. Formado em Direito pela Universidade de Guarulhos, o paulistano do Bosque da Saúde adquiriu sua licença na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para poder advogar. Hoje, aos 76 anos e aposentado, possui um escritório de advocacia próprio e não parou de trabalhar por um segundo desde quando saiu da polícia. “Não podemos parar. Temos que continuar trabalhando mais e mais”.


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