O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 43 pessoas suspeitas de integrar uma megaquadrilha, ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e acusada de utilizar o Porto de Santos para enviar cocaína boliviana para Cuba e países da Europa e da África.
Porém, ao mesmo tempo em que a acusação formal contra o grupo é encaminhada pelo MPF à Justiça, um dos investigados obteve liminar em habeas corpus concedido pelo desembargador federal Nino Toldo, o que poderá refletir sobre outros averiguados.
A denúncia do MPF tem por base a investigação da Polícia Federal (PF) batizada de Operação Oversea, uma das principais já realizadas no Brasil para reprimir o narcotráfico internacional.
Desde maio de 2013, a organização criminosa teve interceptadas, no País e no exterior, 3,7 toneladas de cocaína. A droga era colocada em malas, introduzidas clandestinamente em contêineres embarcados em navios que zarpavam de Santos.
O esquema criminoso tinha ramificações em diversos setores para identificar os contêineres, os navios nos quais eles seriam embarcados e a rota marítima, porque deveria haver membros do bando nos portos do exterior para a retirada da droga.
Para a introdução da cocaína nos contêineres, um português, cujo nome não foi divulgado pela PF, tinha importante papel. “Ele é o agenciador das pessoas que colocavam as mochilas com cocaína nos contêineres”, disse o delegado Ivo da Silva.
Chefe do Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF em São Paulo, Ivo da Silva explicou que as malas com a droga eram colocadas antes de os cofres de cargas serem lacrados.
Dentro das malas, além da cocaína, também seguiam lacres clonados. Desse modo, quando os contêineres eram abertos nos portos do exterior para a retirada do entorpecente, eles podiam ser relacrados para evitar despertar suspeitas.
Diretor da PF em Santos, o delegado Reinaldo Campos Sperandio frisou que, até o momento, inexistem indícios de eventual participação de terminais privados por onde passam os contêineres antes do seu embarque em navios.
A Oversea apurou que a megaquadrilha também traficava armas para o PCC. Durante as investigações, a PF apreendeu dois fuzis e 19 pistolas e revólveres, além de vultosas quantias em dinheiro, mais de dez veículos de luxo e até um barco.
