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08/12/2014 - 10:58:32

LAVA JATO

Cardozo "preso" à Lava-Jato

  • EM.com.br
  • Da Redação



Em meio aos desdobramentos da operação da Polícia Federal, o ministro da Justiça e o diretor-geral da corporação deverão permanecer nos cargos por pelo menos mais um ano
Brasília - Com a intenção de proteger a presidente Dilma Rousseff e evitar passar a imagem de que o governo tenta embaralhar as investigações da Operação Lava-Jato, tanto o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quanto o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, permanecem no cargo após 1º de janeiro. A Polícia Federal chegou a fazer uma lista tríplice com os nomes dos delegados Roberto Troncon, Sérgio Menezes e Sérgio Fontes para substituir o atual diretor-geral, mas ele ficará no posto por pelo menos mais um ano, mesmo prazo que Cardozo deve permanecer no ministério.


Daiello foi informado nesta semana que continuará à frente da Polícia Federal. O Planalto avaliou que mudanças agora poderiam transparecer interferência em uma investigação que já provocou muitos atritos entre a pasta e a corporação. Durante o segundo turno das eleições, José Eduardo Cardozo anunciou a abertura de uma sindicância interna contra delegados que tinham se posicionado politicamente a favor do então candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG).


Aliados e a própria presidente Dilma Rousseff reclamaram dos vazamentos "seletivos" das delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os depoimentos foram colhidos pelo Ministério Público Federal, pelo juiz responsável pelas investigações, Sérgio Moro, e pela própria Polícia Federal.


Na reta final da disputa presidencial, uma suposta declaração dada por Youssef de que "Lula e Dilma sabiam do esquema da Petrobras" incendiou o processo e azedou de vez o clima entre o governo e os responsáveis pela Operação Lava-Jato. Dilma, contudo, viu-se obrigada a defender a independência e o caráter republicano da PF. Trocar, neste momento, o comando do ministério e da PF seria arrumar um problema para somar-se às demais crises que o governo precisa contornar.


Em evento sobre segurança pública, Cardozo reagiu ontem às críticas feitas pelo líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), de que a campanha de Dilma Rousseff em 2010 teria recebido doações de empreiteiras que estão sob investigação na Lava-Jato. O tucano acusou o ministro da Justiça e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que também permanecerá no cargo, de confundir "estado com partido" ao questionar as delações premiadas dos executivos das empreiteiras. Para Imbassahy, ambos tentam cacifar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.


"Tentam politizar o que falei. O que falei, e repito, não cabe a mim defender partido a, b ou c. Cabe garantir a investigação. Não se pode fazer especulações políticas com investigações. Isso atrapalha, desinforma a opinião e serve ao revanchismo. Cabe a mim defender a democracia, a verdade dos fatos", disse o ministro.


O presidente da Associação Nacional dos Delegados de PF, Marcos Leôncio Ribeiro, explicou ao Estado de Minas que a lista tríplice da categoria foi elaborada porque o próprio Cardozo havia entregado a carta de demissão por sugestão do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. "Era de se imaginar que a direção (da PF) agisse da mesma forma", justificou Marcos. Ele admite que uma eventual troca poderia dar margem à exploração política. "Mas pelos trabalhos, vemos que os inquéritos e investigações dos últimos quatro anos não investigam pessoas e partidos, mas fatos. E esses fatos se relacionam a diversas agremiações partidárias", completou.


Aécio convoca manifestação


O senador Aécio Neves (PSDB) - candidato derrotado no segundo turno das eleições à Presidência da República - usou ontem sua página no site de relacionamento Facebook para convocar a população para participar de manifestação hoje, às 15h, na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da ética e da apuração do escândalo da Petrobras e contra o projeto de lei do governo federal que muda a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) flexibilizando a meta fiscal deste ano, cujo texto-base foi aprovado na madrugada de quinta-feira pelo Congresso Nacional.


O tucano não está sozinho. Outros parlamentares engrossam as convocações para o protesto. Entre eles, está o deputado federal Pedro Simon (PMDB-RS), que fez "um apelo aos jovens" para que se manifestem pela "indignação do povo brasileiro com relação ao que está acontecendo na Petrobras", e ainda o vice na chapa de Aécio nas eleições presidenciais, o deputado Aloysio Nunes (PSDB-SP).


No vídeo gravado por Aécio Neves, ele afirma que o protesto será um encontro "em favor da democracia", da "ética" e de "um Brasil melhor". "Já dizíamos que o escândalo da Petrobras será maior caso de corrupção no país. A coisa não para de crescer, e agora sabemos que não era apenas na Petrobras. Portanto, mais do que nunca, temos que estar mobilizados", defende.


Em sua página no Facebook, o Movimento Vem Pra Rua, que organiza a manifestação, autodenomina-se "espontâneo, apartidário, democrático". Na descrição, o grupo informa que sua bandeira é a "democracia, a ética na política e a eficiência na gestão pública".


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