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18/12/2014 - 15:16:02

O LEGADO DOS GRANDES EVENTOS

Segurança pública para a Copa do Mundo se destaca e alcança alto índice de satisfação da população.

O que fica para o país agora que a competição acabou?

  • ADPF
  • Amanda Bittar

   

É fato que os brasileiros não ficaram felizes depois da derrota pelo deprimente placar de 7 x 1 para a seleção alemã nas semifinais da Copa do Mundo 2014. A derrota no campo, entretanto, não tirou o brilho do evento que muitos estão apontando como a “Copa das Copas”. Durante a competição, o Brasil recebeu turistas de diversas partes do mundo e o sucesso foi comprovado principalmente na segurança pública.

 

Mesmo com os brados de “não vai ter Copa” e das céticas previsões dos que disseminavam pelas redes sociais a temerosa frase “imagina na Copa”, o evento aconteceu e ganhou grande espaço na imprensa nacional e internacional. Para quem esperava um evento repleto de manifestações, a Copa do Mundo foi bem mais pacata e receptiva. Com uma competição sem grandes incidentes, a pergunta que fica é: qual o legado que o país levará deste grande evento? Os números da Copa superam as expectativas. Durante todo o evento, foram mais de um milhão de estrangeiros de 202 países que visitaram o Brasil. Os brasileiros também participaram: foram mais de três milhões de turistas circulando entre as cidades sede.

 

Os aeroportos brasileiros registraram cerca de 16,7 milhões de passageiros, batendo recordes, como o de 548 mil passageiros em um único dia, número que supera os 467 mil contabilizados durante o último Carnaval. Somente nos estádios foram mais de 3,4 milhões de pessoas, além das 5,1 milhões que passaram pelas Fan Fests.

 

Em sua edição de número 73, a revista Prisma adiantou algumas das medidas da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE), órgão do Ministério da Justiça, para os grandes eventos. De lá até o presente momento, os planos se consolidaram e o país viveu dois grandes testes: a Jornada Mundial da Juventude 2013 e a Copa do Mundo 2014. Na época, a grande meta do país era alcançar um modelo de segurança pública que aliasse bom desempenho das polícias e forças armadas ao conceito de integração dessas instituições, as quais não poderiam agir separadamente. A meta consolidou-se. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo enfatizou, em seus discursos pós-copa, que o principal legado deixado foi a tão sonhada integração.

 

As operações para os grandes eventos são coordenadas, desde 2011, pela SESGE, predominantemente constituída de membros da Polícia Federal. Em seu comando está o delegado da PF, Andrei Rodrigues, responsável pelas ações da  Secretaria. Segundo o delegado, o legado deixado pela Copa vai além da integração, já que os investimentos nas operações para os grandes eventos foram altíssimos. “Há um legado de mais de R$1,9 bilhões de investimentos que é indiscutível e traz um grande proveito para a segurança pública do nosso país. Mas concordo que o principal legado desta operação é o da integração, da cultura das instituições trabalharem juntas, respeitada a atribuição legal, respeitado o pacto federativo, na expertise de cada entidade”, avalia ele.

 

A conquista, segundo Rodrigues, deve ser celebrada. Com as divergências entre as instituições, alcançar o nível de integração visto na Copa do Mundo foi um grande passo para a segurança pública do país. “Nosso país, com as dimensões e características que tem, com a autonomia dos estados, tinha como regra, infelizmente, o isolacionismo. Esse era um grande desafio, construir um modelo de segurança integrado”, ressalta.

 

Essa integração só tem a beneficiar a população. Com a Copa do Mundo e as ações de seguran-ça pública previstas e executadas sob a coordenação da SESGE, tornou-se essencial o diálogo entre as polícias civil e militar, assim como entre a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos. A abertura desse diálogo só tem a beneficiar a segurança pública, que agora conta com equipes mais alinhadas e bem preparadas. As expectativas da continuidade desse trabalho também são altas.

 

“Levar a frente o legado da integração não é somente possível, como inevitável. Isso é uma condição para que possamos fazer uma boa operação de segurança. A nossa secretaria tem a função legal de cuidar e coordenar a segurança de grandes eventos. O próximo desafio vem com as Olimpíadas e é uma premissa manter a integração entre as instituições de segurança pública. É fácil fazer isso? Não. É muito difícil. Lidamos com diversas instituições, com competências diferentes, muitas vezes com disputas internas, mas precisamos construir esse processo, sem o qual não vamos conseguir nenhum resultado em segurança pública. E essa premissa é válida para o cotidiano. Não é mais possível que as polícias civil e militar do mesmo estado não se comuniquem e não estejam no mesmo ambiente e com as mesmas informações”, ressalta o delegado.

 

Divisão de tarefas. A desejada integração se deu com a coordenação da SESGE, em um pacto com os 12 estados sede e todas as instituições envolvidas, de modo a respeitar a atribuição de cada uma. O planejamento que tornou possível a operação contou com a participação de cerca de 8 mil profissionais de segurança pública.

 

Segundo Rodrigues, para chegar ao modelo implantado foi necessário dividir as ações em eixos, os quais seriam comandados por diferentes instituições com base nas atribuições de cada uma. Ao todo, foram mais de 150 mil profissionais de segurança pública envolvidos. Um caso a parte foi o das Forças Armadas, que além de suas funções constitucionais, atuaram complementarmente às ações de segurança pública. “Nós não mudamos a lei, não mudamos atribuição e não a suprimimos. Nós simplesmente trabalhamos em cima daquilo que já está posto: a competência legal, para cada instituição fazer o seu papel”, lembra o delegado.

 

Legado Material. O legado da Copa também pode ser visto em números. Do valor de R$ 1,9 bi investidos - sendo R$ 1,17 de investimentos oriundos do Ministério da Justiça e R$ 800 mi das Forças Armadas –, R$ 70 milhões foram para os Centros Integrados de Comando e Controle, espalhados pelas cidades sede.

 

Segundo Rodrigues, os Centros representam a parte mais concreta em termos de legado para a população. Esses espaços abrigam o que há de mais avançado em termos de tecnologia de segurança pública e já estão sendo utilizados pelas polícias estaduais para gestão da segurança das cidades que receberam jogos.

 

Brasília receberam Centros Nacionais de Comando e Controle. “Esses centros são ambientes dotados da mais alta tecnologia, e falo aqui em relação ao que há de melhor no mundo inteiro hoje, de equipamentos e de conceito de operação, onde nós treinamos profissionais de segurança pública para atuarem nesse”, lembra Andrei Rodrigues.

 

Segundo ele, esses centros facilitam que o legado da integração tenha continuidade, pois eles atualmente já contam com a presença da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, e também da Força Nacional, em determinados estados. Além disso, o Centro Nacional de Brasília tem sido sede de grandes operações, como a Operação Brasil Integrado Ação Nordeste, a Operação Brasil Integrado de Transferência de Presos, a segurança das eleições, e também será essencial para a gestão da segurança do processo de aplicação de provas do ENEM.

 

“Há uma sequência de ações para as quais os Centros estão sendo decisivos na segurança pública, o que mostra o acerto no investimento e a utilidade desses equipamentos. Tanto isso é verdade, que, hoje, uma das principais propostas de segurança pública é a construção de Centros de Comando e Controle nas capitais que não foram sedes de jogos da Copa do Mundo. Já existe uma previsão orçamentária pra isso, de maneira que, até 2016, já tenhamos, nas 27 capitais do Brasil, Centros operando em prol da segurança pública”, enfatiza o secretário.

 

Próximos eventos. Os testes ainda não acabaram. Em 2016, o Rio de Janeiro recebe outros dois grandes eventos: as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. E se alguém pensa que o trabalho é menor por ser concentrado em um só estado, ledo engano. Diferente da Copa do Mundo, os jogos olímpicos reúnem mais de 200 países, com cerca de 10 mil atletas – número bastante superior aos 736 jogadores da Copa do Mundo –, além de suas delegações.

 

E não para por aí: além do Rio de Janeiro, outros cinco estados recebem jogos de futebol e delegações. Somadas as duas competições, são quase 15 dias a mais de evento que a Copa. Outra peculiaridade é que em um só dia podem acontecer mais de 50 atividades de diferentes modalidades, além dos treinos dos demais atletas nas concentrações.

 

Este será um esforço ainda maior que o da Copa e, talvez, a prova final de que o país está pronto para receber não somente grandes eventos, como para se consolidar como rota turística internacional. Por parte da SESGE as expectativas são positivas: “É um evento de proporções impressionantes. Para nós, fica da Copa toda a expertise e experiência que tivemos e o conceito da operação. Os valores que vamos empregar são os mesmos. A filosofia do trabalho de integração, em conjunto, com uma coordenação muito firme, para que tenhamos um resultado positivo, claro, com as necessárias adaptações. Já estamos finalizando o planejamento estratégico, definindo o modelo de segurança para cada instalação, nossa equipe já está trabalhando nisso. Se na Copa já foi o sucesso que foi, ‘imagina na Olimpíada’”, enfatiza Rodrigues.

 

A Copa, marcada nos corações dos brasileiros (mesmo com a derrota da seleção em campo), também ganhou aprovação internacional. Segundo dados vez no Brasil e 95% de todos os turistas que passaram pelo país pretendem retornar. Com as Olimpíadas esse número tende a crescer ainda mais.

 

Agora, a torcida é para que o legado dos grandes eventos, de fato, se materialize para a população e possa se expandir como é pretendido pelas instituições envolvidas na organização, de modo a transmitir aos brasileiros a mesma satisfação sentida pelo restante do mundo.


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