Vídeos Fotos Notícias

31/03/2013 - 17:49:09

GRANDES EVENTOS

Gol de placa na segurança

Municípios, Estados e Governo Federal se mobilizam para mostrar ao mundo que podem dar exemplo em segurança pública nos grandes eventos esportivos

  • Revista Prisma
  • Amanda Bittar

   

O primeiro teste se aproxima: a cerca de 3 meses da Copa das Confederações, que ocorre a partir de 15 de junho deste ano, muito se questiona sobre a preparação do Brasil para receber não somente este evento, mas uma série deles de agora a 2016, como as Olimpíadas, no Rio de Janeiro. Com o fluxo de turistas de todas as partes do mundo, o ponto mais delicado dessa equação fica com a segurança. Será que o país consegue se organizar a tempo de mostrar ao mundo que pode garantir o conforto de todos durante os jogos?
De acordo com a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE), Municípios, Estados e Governo Federal estão mobilizados em prol de promover eventos com o máximo de segurança e conforto para o público. Para isso, o investimento, somente na área de segurança, já alcançou, até agora, o patamar de R$ 1,8 bilhão de reais, verba utilizada em ações nacionais e também dividida entre os estados-sedes da Copa.
As necessidades vão desde o patrulhamento comum, nas ruas e em torno dos estádios, até as fronteiras, que desde já ganham proteção. E o Governo Federal vai reforçar ainda mais o controle das fronteiras do País durante a Copa das Confederações, com o objetivo de evitar crimes como narcotráfico e contrabando de armas, entre outros. Cerca de 20 mil militares das Forças Armadas, além das polícias estaduais, devem participar da operação nas fronteiras com Paraguai, Bolívia, Colômbia e Peru, que possuem maior atividade de contrabando e tráfico de drogas.
Nos estados não será diferente. Além de Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador receberão os jogos e, para suprir as necessidades de todos os estados, várias medidas de âmbito nacional têm sido tomadas visando à integração das polícias, além da padronização de ações.
Para isso, no início de março, o Planejamento Estratégico de segurança pública e defesa para a Copa do Mundo de 2014 foi aprovado, contendo em seu texto algumas regras que devem orientar a segurança das competições esportivas e prevê, por exemplo, ações na área de defesa cibernética e de combate ao terrorismo durante a Copa das Confederações, assim como na Copa do Mundo de 2014.
De acordo com o secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, o delegado federal Valdinho Jacinto Caetano, o maior desafio é promover o aprofundamento da integração entre as forças de segurança estaduais e federais. Para ele, o Brasil já tem experiência em lidar com públicos grandes e de diversas nacionalidades em eventos anuais, como os carnavais, principalmente no Rio de Janeiro, Salvador e Recife, assim como nos réveillons, com ênfase para o de Copacabana, que chega a receber mais de 2 milhões de pessoas.
“As instituições de segurança brasileiras já possuem larga tradição em grandes eventos, o que faz com que todos os esforços voltados para os grandes eventos esportivos, que acontecem a partir desse ano, sejam realizados no sentido de aperfeiçoar tal experiência, dotando-as de novas ferramentas tecnológicas e operacionais, o que otimizará a capacidade de atuação de cada uma delas”, comenta Caetano.
E é justamente neste aperfeiçoamento e na integração que estão sendo investidas as maiores somas. Este ano, o Ministério da Justiça vem promovendo seis cursos de treinamento de segurança para os grandes eventos. A meta é qualificar 50 mil profissionais das polícias federal, rodoviárias, militar, civil e dos corpos de bombeiros. Até agora, mais de 2 mil profissionais já passaram pelos cursos. Entre as áreas de treinamento, a gestão das fronteiras e combate ao terrorismo, conta com o auxílio da embaixada americana.
Em 2012, por exemplo, a Secretaria de Estado de Segurança (SESEG) do Rio de Janeiro organizou, junto com o Ministério da Justiça e o Consulado da Alemanha, o Simpósio de Segurança em Grandes Eventos Esportivos, que contou com a participação da polícia alemã em um debate sobre a experiência deste país na Copa de 2006. A Secretaria também participou juntamente com as polícias estaduais do Seminário Desafios da Segurança em Grandes Eventos, promovido pelo Consulado Britânico, que levou ao estado os policiais que coordenaram a segurança dos Jogos Olímpicos em Londres.
As parcerias têm acontecido em todos os estados com o intuito de unificar a atuação e as ações das Forças durante o monitoramento e acompanhamento da segurança pública nos grandes eventos. Os investimentos, porém, não se restringem apenas aos cursos de aperfeiçoamento. Outra preocupação dos governos é investir em tecnologia e equipamentos que permitam aprimorar os serviços.
Em Salvador, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia, o Governo Federal investiu, até o início de 2013, cerca de R$ 28 milhões de reais. Até 2014, mais investimentos devem ser realizados em ambas as esferas de governo para o aumento do efetivo e aquisições de utensílios para as polícias.
De acordo com Roberto Alzir, subsecretário de Grandes Eventos da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, a previsão é que 4.520 profissionais, sendo 3.380 policiais militares e 870 policiais civis, sejam capacitados até a Copa de 2014 em seu estado. O Governo do Rio se comprometeu em aportar investimentos na ordem de R$ 700 milhões de reais em aquisições, obras e remuneração extraordinária de policiais, nos seus horários de folga. Para o valor, os principais projetos são a troca do sistema de rádio comunicação do Estado do Rio, a compra de três helicópteros e a aquisição de 45 mil coletes balísticos.

|DIVISÃO DE FUNÇÕES. De acordo com a Matriz de Responsabilidades Fiscais, documento que rege a preparação do país para 2014 e foi assinado pelos governos municipais, estados e Governo Federal em 2010, cabe ao governo estadual a coordenação das ações na área de segurança pública cujas ações devem ser realizadas de forma articulada entre as diferentes polícias do país e a nível internacional.
O secretário Caetano afirma que o trabalho integrado será o diferencial dos grandes eventos, e que seguirá as diretrizes estabelecidas por protocolos de atuação que foram elaborados por todas as forças de segurança, nas Comissões Estaduais de Segurança Pública e Defesa Civil instituídas pela SESGE. Para alcançar a coesão necessária, está sendo criado um Centro Integrado de Comando e Controle, que será composto por 2 centros nacionais, 12 regionais (em cada cidade-sede), 12 centros locais (em cada uma das Arenas), além de 27 centros móveis.
“A adoção da doutrina de comando e controle é uma novidade que tornará mais efetivos os esforços de segurança pública nas cidades. Com a implantação do Centro Integrado, o tempo de resposta das forças diminuirá substancialmente, o que melhorará o nível do serviço prestado à sociedade”, lembra Caetano.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, o trabalho entre os estados vem sendo feito de forma parceira, integrada, com acompanhamentos, capacitações, treinamentos, seminários, workshops, para assim alcançar o nivelamento de conhecimentos, padronização de ações e divulgação em todas as cidades-sede.
Já de acordo com Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, a SESGE busca sempre a integração entre as instituições de segurança pública nas três esferas de poder. Neste sentido, a Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil, criada pela SESGE, tem papel fundamental na concretização da integração do planejamento.
Atualmente, estão em fase de conclusão os protocolos integrados de segurança pública que já serão testados no mês de abril para identificação de inconsistências e aplicados na Copa das Confederações. As instituições estão desenvolvendo os seus planos operacionais de acordo com as áreas de interesse operacional, já identificadas dentro de suas esferas de competência.
Sendo assim, segundo Valdinho Caetano, as forças policiais continuam a atuar em obediência a suas atribuições constitucionais e legais. A diferença é o aumento da sinergia do trabalho de todos, o que eleva a efetividade da segurança prestada. O secretário lembra ainda que às Forças Armadas cabe a atuação em caso de emergência. “As Forças Armadas permanecem cumprindo suas atribuições constitucionais, além de ser a força de contingência, caso necessário”, reforça.
Quanto à utilização da segurança privada, essa responsabilidade está a cargo da FIFA, organizadora da Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014. Essa atuação será limitada às arenas, visando à segurança interna dos torcedores que estiverem acompanhando os jogos.

|LEGADO. O que a população brasileira espera é que os esforços desempenhados em prol da segurança nos grandes eventos se tornem a realidade do país em um futuro próximo. A ocorrência de outros eventos, como a Jornada Mundial da Juventude, com previsão de receber cerca de 2,5 milhões de pessoas e as Olimpíadas do Rio fazem crer que as mudanças irão permanecer e que o trabalho será continuado.
Os dados são positivos e os investimentos feitos desde já se mostram legados importantes para a segurança pública do Brasil. Os Centros Integrados de Comando e Controle, por exemplo, poderão, com facilidade, ser adaptados e se tornarem ferramentas essenciais para as polícias dos estados-sede.
De acordo com o subsecretário de Grandes Eventos da SESEG no Rio de Janeiro, Roberto Alzir, o posicionamento da segurança nesses eventos trará para seu estado uma grande visibilidade e projeção internacional e isto se apresenta como um enorme desafio, assim como uma grande oportunidade para a consolidação da imagem do Rio como um local seguro e agradável ao visitante nacional e estrangeiro. “Nosso grande desafio é transformar as obras e investimentos provenientes dos grandes eventos em um legado de segurança e qualidade de vida permanente para a população que vive, trabalha e estuda no Rio de Janeiro”, lembra.
Só em Brasília, a Secretaria de Segurança Pública do DF, por meio de convênio firmado com a SESGE, terá mais de 500 agentes capacitados em áreas temáticas correlacionadas aos grandes eventos, com a propensão de ter este número bastante elevado. Esses profissionais, após os grandes eventos, permanecem em atividade e são incorporados à cidade, que ganha em termos de segurança.
Já no Rio de Janeiro, a PM será beneficiada com a substituição das viaturas por outras mais econômicas, a nova sede do BPTur, a aquisição de palm tops e de equipamentos para patrulhamento aéreo. A Polícia Civil receberá investimentos expressivos, com destaque para a Cidade da Polícia, que concentrará as delegacias especializadas, já em fase final da obra, com custo aproximado de R$ 60 milhões, além da modernização da Academia de Polícia Civil.
Os demais estados também serão fortemente beneficiados com a modernização de seus equipamentos e aumento do efetivo policial, que permitem à população visualizar, hoje, um modelo de segurança internacional e exemplar para o país. Com todas essas ações, mais do que um bom resultado em campo, os brasileiros torcem por um gol de placa do Brasil também na segurança.

ESPECIALISTAS DETALHAM PLANO DE AÇÃO PARA A COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Representantes da FIFA, do COL e do governo federal explicam como será a atuação, por sede, de agentes públicos e privados.

Especialistas em segurança da FIFA, do Comitê Organizador Local (COL) e do governo federal detalharam a atuação de agentes públicos e privados na Copa das Confederações FIFA 2013. De acordo com o secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, Valdinho Caetano, todo o efetivo de segurança pública em cada cidade-sede será mobilizado em dia de jogo.
“Cerca de 2.500 a 3.000 homens estarão trabalhando no local do jogo e nos arredores. Eles atuarão em áreas específicas para profissionais de segurança pública, sempre de forma integrada com a FIFA e com os seguranças privados”, disse o secretário. Caetano explicou que foram investidos em treinamento, equipamentos, tecnologia e articulação das forças de segurança cerca de R$ 450 milhões em 2012 e que há previsão de outros R$ 350 milhões em 2013.
O assessor especial para grandes eventos do Ministério da Defesa, general Jamil Megid, acrescentou que o número de militares em cada sede será de até 5 mil.

|SEGURANÇA PRIVADA. O gerente geral de segurança do COL, Hilário Medeiros, explicou que, ao todo, serão em torno de 13 mil postos de trabalho para agentes de segurança privada na Copa das Confederações. Ele estima que, em cada estádio, serão empregados cerca de 2 mil homens, sendo 1.200 para segurança patrimonial e 600 a 800 stewards, agentes que mesclam a função de vigilantes com a de orientadores de público.
Hilário explicou que uma portaria publicada em dezembro de 2012 regulamentou a ação de agentes de segurança privada para grandes eventos e que eles passarão por treinamento específico, de 50 horas-aula, para que estejam aptos a atuar na Copa das Confederações e na Copa do Mundo.
“A profissão de agente de segurança privada era regulamentada, mas não voltada para grandes eventos. Trabalhamos em conjunto com o governo para a regulamentação do agente de segurança para grandes eventos. Precisávamos direcionar a atividade para isso. Com a publicação da portaria, todos os eventos com a participação de mais de três mil pessoas precisarão da atuação de agentes com essa especificação”, disse Hilário, acrescentando que a portaria tem seis meses para entrar em vigor e que, a partir daí, terá início a fiscalização pela Polícia Federal.
 
|OBJETOS PROIBIDOS. Hilário Medeiros também falou sobre os objetos que terão entrada proibida nos estádios. Ele disse que a lista está sendo finalizada e será divulgada até o fim de abril. O gerente geral de segurança do COL adiantou alguns itens que estarão nessa lista: “Garrafa de vidro, garrafas com tampa pet, comidas, instrumentos musicais como tambores e tamboretes, bandeiras com mastro, sinalizadores, laser são alguns desses objetos”, disse.
A rigidez no controle de acesso foi um dos pontos reforçados pelas autoridades. O gerente de segurança da FIFA, Serge Dumortier, lembrou que a entidade tem um manual de regras para estádios a serem seguidas em todas as competições da entidade e que na Copa das Confederações não vai ser diferente.
O secretário Valdinho Caetano disse que está em planejamento a criação de um centro de cooperação internacional para a troca de informações com outros países sobre torcedores que possam causar problemas durante os jogos. “Estamos preparados para fazer o acompanhamento desses torcedores”, disse.
 
|LIÇÃO DA ÁFRICA. Também participou do evento o consultor de segurança para a Copa do Mundo da FIFA 2014, Andre Pruis. O sul-africano, responsável por coordenar a área no Mundial de 2010 pelo governo africano, falou sobre a experiência vivida e disse que a maior lição é a importância da integração do país-sede com os demais países.

Com informações do Portal da Copa

 


Faça login no Espaço do Associado para dar sua opinião e ler os comentários desta matéria.

REDES SOCIAIS


Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal
SHIS QI 07 conj. 06 casa 02 - Lago Sul
Brasília/DF - CEP 71.615-260
Central de Atendimentos: 0800.940.7069