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30/09/2012 - 09:46:08

PANORÂMICA

Brasil tem um policial assassinado a cada 32 horas

Para a ADPF, a epidemia de mortes de policiais revela o lado de quem não tem os direitos humanos reconhecidos: ?o Estado deixa os seus agentes jogados a própria sorte?

  • Revista Prisma
  • Com informações da Agência Brasil e Comunicação Social da ADPF

   

O Jornal Folha de São Paulo noticiou que, no Brasil, um policial é assassinado a cada 32 horas, conforme levantamento feito nas secretarias estaduais de Segurança Pública.

De acordo com esses dados oficiais, ao menos 229 policiais civis e militares foram mortos neste ano no Brasil, sendo que a maioria deles, 183 (79%), estava de folga.

O número pode ser ainda maior, uma vez que Rio de Janeiro e Distrito Federal não discriminam as causas das mortes de policiais fora do horário de expediente.O Maranhão não enviou dados.

A reportagem apurou que São Paulo acumula quase a metade das ocorrências, com 98 policiais mortos, sendo 88 PMs. E só 5 deles estavam trabalhando. O Estado concentra 31% do efetivo de policiais civis e militares do país,mas responde por 43% das mortes desses profissionais em 2012.Pará e Bahia aparecem empatados em segundo, cada um com 16 policiais mortos.

Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Camila Dias, ouvida pela Folha,o número é elevado. “Apenas para comparação, no ano de 2010 foram assassinados 56 policiais nos EUA”. Segundo ela, a função desempenhada pelos policiais está relacionada ao alto número de mortes, mas em São Paulo há uma ação orquestrada de grupos criminosos, que leva ao confronto direto com a Polícia Militar.

Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, a epidemia de mortes de policiais,principalmente em São Paulo,mostra o lado de quem não tem os direitos humanos reconhecidos.“O Estado deixa os seus agentes jogados a própria sorte.No Congresso há vários projetos legislativos, mas nenhum avança reconhecendo a gravidade de homicídios contra policiais. O Estado sequer presta homenagem aos seus profissionais. As famílias não tem qualquer assistência”,afirmou Ribeiro.

VULNERÁVEL. A pesquisadora da USP afirma que a maioria dos policiais é morta durante a folga porque está mais vulnerável e a identificação dos atiradores é difícil.

A Folha ouviu ainda Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública.Para Mingardi, os dados revelam uma “caça” a policiais. Trata-se de um fenômeno recente, concentrado principalmente em São Paulo numa “guerra não declarada” entre PMs e chefes da facção criminosa PCC.

Mingardi alertou que muitos dos policiais morrem em atividades paralelas à da corporação, no chamado bico.

Em vários Estados, os policiais reclamam de falta de assistência.“Já houve o caso de um policial ameaçado que foi viver na própria associação até achar uma nova casa”, afirma Flavio de Oliveira, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Espírito Santo.

REAÇÃO DO CRIME. Em entrevista à Agência Brasil, o coronel reformado da PM paulista José Vicente da Silva Filho, consultor de segurança e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar de São Paulo,também aponta as possíveis causas das mortes dos policiais.

“Neste ano, a polícia vem fazendo uma repressão muito severa ao tráfico e à distribuição de drogas nas ruas da cidade o que tem suscitado uma ação mais intensa dos criminosos incomodados com isso”, falou.

Já a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Camila Dias,acredita que os números de mortes de policiais no estado revela “um contexto de desequilíbrio das relações entre criminosos,sobretudo do PCC [Primeiro Comando da Capital], e a polícia”.

Segundo ela, os números de mortes de policiais e civis são altos porque decorrem “de uma guerra entre a polícia militar e o PCC”. Para ela, “Isto produziu um perverso círculo vicioso cuja expressão é a elevação das taxas de pessoas mortas, sobretudo com características de execução sumária”.

Camila defende que uma das soluções para evitar esses conflitos é fazer uso da inteligência policial e de técnicas de investigação para identificar os responsáveis pelas mortes.


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