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28/02/2012 - 14:56:21

PF EM AÇÃO

Interpol adota manual brasileiro de investigação

Com o Manual, a média anual de prisões de foragidos mais do que dobrou no Brasil

  • Revista Prisma
  • Da Redação

   

De refúgio predileto de mafiosos internacionais, o Brasil passa a ser considerado referência na captura de foragidos. O Manual Brasileiro de Investigações de Fugitivos, criado pela Polícia Federal (PF), foi adotado pela Interpol como modelo a ser seguido em todo o mundo.

 

Lançado nas versões em inglês e espanhol, o manual foi apresentado pelo delegado federal Jorge Pontes, na condição de representante das Américas, do Comitê Executivo da Interpol, na última reunião anual da entidade, realizada em Hanói, no Vietnã.

A repercussão foi positiva em toda a imprensa nacional. A revista Veja (Ed. 2242) chegou a publicar o fato na sua coluna “Sobe e Desce”. Obviamente, a adoção do manual brasileiro pela Interpol garantiu um “sobe” com louvor à Polícia Federal.

 

Inicialmente, o guia – que já vinha sendo adotado pelo Escritório Regional da Interpol em Buenos Aires – será distribuído em cerca de cem países. Numa segunda etapa, serão lançadas edições em francês e em outras línguas para atender todos os 191 países membros da Interpol.

 

Elaborado em 2007 pelo delegado Pontes e sua equipe de agentes da Polícia Federal, tratase de uma compilação inédita de técnicas policiais com enfoque na investigação de fugitivos. A partir de sua adoção pela PF, a média anual de prisões de criminosos fugitivos saltou de 20 para mais de 50. O número de estrangeiros presos no Brasil, desde então, passou a ser maior do que o de criminosos brasileiros presos no exterior.

 

No período, a Polícia Federal captou alguns dos foragidos mais procurados pela Organização Internacional de Polícia Criminal, Interpol, como o israelense Elior Noam Hen, condenado à prisão perpétua por torturar crianças em nome da fé, o americano Shalon Weiss, considerado o maior estelionatário do mundo, condenado a 845 anos de prisão e os traficantes colombianos Mery Valência e Juan Carlos Abadia.

 

Por motivos óbvios não é possível detalhar o conteúdo do manual, mas o delegado Pontes conta que o documento aborda técnicas modernas de investigação, identificação biométrica, cruzamento de dados e rastreamento de foragidos da Interpol. O guia define conceitos, dedica um capítulo à identificação de foragidos e traça até os perfis criminológico e psicológico do fugitivo. Detalha os elementos de planejamento de uma investigação e mostra o que evitar numa busca. Enumera as regras básicas para o cerco global, ensina como seguir os rastros do criminoso e mostra a melhor tecnologia a serviço do rastreamento.

 

"A nossa PF está fazendo doutrina e sendo usada como modelo para o mundo; isso é muito positivo”, afirma Pontes, que já recebeu o pedido da Alemanha, Rússia, Austrália e Espanha para publicar o material.

 

A investigação e a prisão de fugitivos foram a razão histórica para criação da Interpol, nos anos 20. Agora, “a arte de localizar e prender homens e mulheres que fogem da Justiça”, como o delegado Pontes costuma citar, ganha um capítulo novo graças a atuação brasileira.

 

 

|PROCURADOS. Atualmente, existem 160 brasileiros foragidos da Justiça na lista pública da Interpol, a chamada “difusão vermelha”. A maioria das prisões de brasileiros ocorre em Portugal e Espanha, os locais mais procurados pelos criminosos nativos devido à facilidade do idioma. A maioria responde por tráfico de drogas, mas existe todo tipo de acusações.

 

Entre os procurados está o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado em primeira instância a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 mulheres em sua clínica de reprodução humana em São Paulo.

 

O ex-prefeito, ex-governador e atual deputado federal Paulo Maluf e seu filho, Flávio Maluf, também estão na lista de foragidos. Os dois estão praticamente impedidos de sair do País desde março de 2010, quando a Justiça americana emitiu um mandado de prisão pelos crimes de conspiração, auxílio na remessa de dinheiro ilegal para Nova York e roubo de dinheiro público em São Paulo. O parlamentar e seu filho não podem ser presos pela Interpol dentro do Brasil, pois a legislação não permite que um brasileiro nato seja extraditado do País. Maluf, que ficou preso por 40 dias em 2005, agora será julgado pela Suprema Corte brasileira. O STF aceitou denúncia contra o deputado e mais dez pessoas (entre sua esposa, quatro filhos e outros dois parentes), acusados de “lavar” quase US$ 1 bilhão no exterior.


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