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21/03/2014 - 10:37:06

MEMÓRIA VIVA

Primeira turma concursada de Delegados Federais

Antônio Manuel Costa relembra como foram seus anos de trabalho na PF.

  • Revista Prisma
  • Felipe Chaves

   

Antônio Manuel Costa, ou simplesmente Costa, como foi chamado ao longo dos seus 30 anos de carreira como delegado de polícia federal, nasceu em Quintanilha, Portugal, e chegou ao Brasil com quatro anos de idade. Naturalizou-se brasileiro e aos 18 anos já trabalhava como professor de inglês e português no estado de São Paulo, além de acumular o serviço de fiscal da saúde.

Em 1977, ingressou na Polícia Federal após prestar o primeiro concurso externo para o cargo de delegado, efetivamente com esta nomenclatura. Costa lembra que a vontade de ser policial foi algo inusitado. “Eu era muito fã de um filme chamado ‘Na Corda Bamba’, que conta a história de um agente secreto. E eu tinha muita vontade de ser agente secreto e trabalhar com isso”, conta sorrindo.

O primeiro lugar onde começou a trabalhar foi no estado de Roraima. De lá foi removido para São Paulo, pelo chefe da Casa Civil da época.

“Ele chegou pra mim e perguntou se eu estava a fim de ir para São Paulo. Eu respondi que sim, pois era o que eu mais queria naquele momento. Mas fiquei pensando que era quase impossível eu ser transferido. No outro dia abri o Diário Oficial e tinha lá: São Paulo”, relembra o delegado.

Costa foi chefe da Censura, chefiou também o Serviço de Operações Fazendárias, Marítimas, Aéreas e Fronteiriças, trabalhou em Serviço de Operações do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e foi convidado pelo ex-presidente da República Jânio Quadros, que na época era prefeito de São Paulo, a chefiar a Polícia Municipal do Estado.

Em São Paulo, Costa começou a trabalhar na galeria Pagé, um prédio com centenas de lojas que vendiam principalmente mercadorias como eletrônicos, calçados, produtos esportivos, jogos e brinquedos.

O delegado conta que uma vez, Nelson Marabuto, então superintendente de São Paulo, comentou que precisava de viaturas para a Polícia Federal.

“Eu perguntei quantas ele queria, que eu iria conseguir. Mas ele não levou a sério. Outro dia apareci com cerca de 40 automóveis na Superintendência e ele ficou sem entender como eu tinha feito aquilo”, lembra.

Costa revela como foi a estratégia inusitada que usou para conseguir os veículos. O delegado pegou o catálogo telefônico com o número de todas as lojas da galeria Pagé e começou a ligar de uma a uma falando: “pintou sujeira”. Após ligar para a última loja da relação, ele e sua equipe foram direto para a galeria. Chegando lá, os comerciantes estavam todos na frente do prédio esperando a abordagem da Polícia Federal. Foi então que o delegado falou: “Fechem o estacionamento! Ninguém entra e ninguém sai. Vamos revistar os carros”.

Ao fazer a vistoria, a Polícia Federal encontrou uma grande quantidade de produtos falsificados e contrabandeados. O delegado mandou apreender todos os veículos e o juiz acabou nomeando a Polícia Federal como fiel depositária dos bens.

“O Marabuto ficou encantado”, lembra.

Da capital de São Paulo, Costa foi transferido para Guarulhos, onde participou de inúmeras operações e prisões, dentre elas a prisão do secretário de Saúde da cidade á época, a interdição do Shopping Eldorado e a prisão do sócio do Pelé. “Na verdade eu fui para prender o Pelé, mas acabei prendendo só o sócio dele”, lamenta.

Os anos na Polícia Federal lhe renderam muitas histórias. Delas surgiram dois livros: “Droga: a fina flor do crime”, que vendeu mais de 40 mil exemplares e mostra como identificar os usuários de entorpecentes, como perceber se as pessoas ao seu redor estão usando as drogas. “É uma leitura indicada para mães e pais que têm filhos adolescentes”, afirma o delegado.

Ele também escreveu “O que os advogados não sabem e muito menos seus clientes”, em que relata histórias vividas por ele e por conhecidos durante o tempo em que foi jurista. O livro foi lançado no Brasil e em Portugal e já vendeu milhares de cópias.
A
tualmente o delegado está escrevendo mais dois livros: “Fui prostituta, agora sou juíza” e “Finja-se de mentiroso e tenha sucesso”. O primeiro relata com mais detalhes uma das histórias do livro “O que os advogados não sabem e muito menos seus clientes” e o segundo é para mostrar que o mundo vive de grandes mentiras.

Além da profissão de delegado de polícia federal, Antônio Manuel Costa também sempre teve a educação como amante. Licenciou-se em Letras, pela Universidade de Guarulhos, diplomou-se em Pedagogia, Administração e Educação pelas Faculdades Integradas de Guarulhos, formou-se em Ciências Sociais e Jurídicas, fez mestrado em Processo Penal e especializou-se em Neurolinguística e Linguística.

Também foi professor universitário na Universidade de Guarulhos e nas Faculdades Integradas de Guarulhos, onde deu aula de Direito Penal e de Estudos de Problemas Brasileiros.

“Na época, fui autorizado pela Polícia Federal a lecionar. A educação sempre foi uma das minhas paixões”, conta.

Hoje, aposentado da Polícia Federal, Costa administra seu próprio colégio em Guarulhos. A instituição conta com mais de mil e duzentos alunos, em quatro unidades.


|VOCÊ SABIA? No início, o cargo de delegado era denominado “inspetor de polícia federal”, até o 9º Curso de Inspetor de Polícia Federal. O primeiro concurso externo para inspetor ocorreu em 1970. Já em 1977, a nomenclatura já tinha sido alterada e foi então realizado o 1º Curso para Delegado de Polícia Federal.


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